Fonte: Diário do Comércio
As famílias brasileiras pagaram 3,25% a mais em combustíveis em 2016, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As despesas com o grupo transportes, que detêm 18% de peso no cálculo do IPCA, subiram 4,22% no ano.
A gasolina ficou 2,54% mais cara em 2016, enquanto o diesel aumentou 2,21%. A partir de outubro, o preço dos combustíveis praticados nas refinarias passou a ser definido, mensalmente, pelo Grupo Executivo de Mercado e Preços (Gemp), que determinou uma redução de 3,20% na gasolina e de 2,70% no diesel em 15 de outubro. No dia 8 de novembro, houve novo corte, de 3,10% na gasolina e de 10,40% no diesel. Em 6 de dezembro, entretanto, a petroleira aumentou em 8,10% a gasolina e 9,50% o diesel.
O litro do etanol subiu 6,66% no ano, devido a problemas na safra da cana e concorrência com a produção de açúcar mais demandada no mercado internacional.
O transporte público ficou 7,78% mais caro no ano passado, devido aos aumentos no ônibus intermunicipal (11,78%), ônibus urbano (9,34%), metrô (9,14%), trem (8,45%), ônibus interestadual (7,66%) e táxi (7,06%).
No caso dos ônibus urbanos (9,34%), os reajustes foram expressivos em algumas regiões, mas não ocorreram em Brasília, Belém e Fortaleza. Curitiba teve a maior alta (16,12%), seguida por Porto Alegre (15,38%) e Recife (14,54%).
O item veículo próprio subiu 2,91% em 2016, mesmo com o forte aumento aplicado sobre as multas, que subiram 68,31% no ano. O item automóvel novo aumentou apenas 0,48%, enquanto o automóvel usado recuou 4,46%. Já as passagens aéreas fecharam o ano com queda de 4,88%.
Os demais grupos com resultados abaixo do IPCA (6,29%) no ano foram comunicação (1,27%), vestuário (3,55%), artigos de residência (3,41%) e habitação (2,85%).
Energia elétrica – O item de maior contribuição para conter a taxa do IPCA em 2016 foi a energia elétrica, que recuou 10,66%, o equivalente a um impacto de -0,43 ponto percentual. Na região metropolitana de Curitiba, as contas recuaram 21,53% em relação a 2015. A tarifa também teve forte queda no Rio de Janeiro (-14,19%), Goiânia (-15,65%), São Paulo (-14,11%), Porto Alegre (-12,38%) e Vitória (-9,51%).
A energia elétrica ficou 3,70% mais barata em dezembro, o principal impacto negativo sobre a inflação medida pelo IPCA. O item ajudou a conter a taxa em 0,13 ponto percentual.
O movimento reflete o retorno da bandeira tarifária verde em 1º de dezembro, em substituição à amarela, que implicava em custo adicional de R$ 1,50 a cada 100 quilowatts-hora consumidos. Houve ainda uma queda de 11,49% nas contas de luz de Porto Alegre, devido à redução de 16,28% nas tarifas de uma das concessionárias em 22 de novembro. No Rio de Janeiro, a energia elétrica ficou 4,98% mais barata, graças à redução de 11,73% em uma das concessionárias locais desde 7 de novembro.
“A energia elétrica tem uma participação muito grande no orçamento das famílias”, lembrou a coordenadora de Índices de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos.
Como consequência, o grupo habitação teve recuo de 0,59%. Os artigos de residência também ficaram mais baratos, -0,31%, com recuos de preços atrelados à redução na demanda, lembrou Eulina. Entre os itens com quedas de preços, destacaram-se aparelhos de televisão, som e informática (-2,15%), automóvel usado (-1,65%) e eletrodomésticos (-0,62%). “Há muitas promoções acontecendo no sentido de envolver o consumidor a comprar”, disse a coordenadora do IBGE.
Transporte – Já o aumento nos gastos com transportes em dezembro puxou a inflação do mês. O grupo Transportes passou de alta de 0,28% em novembro para avanço de 1,11% no último mês do ano, o que resultou numa contribuição de 0,20 ponto percentual para o IPCA de 0,30% registrado em dezembro.
As passagens aéreas (com alta de 26,29%) e a gasolina (aumento de 1,75%) foram as principais responsáveis pelo avanço, mas houve elevação de preços também em itens como seguro voluntário de veículo (2,92%), diesel (1,47%), etanol (0,75%) e conserto de veículo (0,57%).
O grupo despesas pessoais também teve forte aceleração, de 0,47% em novembro para 1,01% em dezembro, o equivalente a uma contribuição de 0,11 ponto percentual para o IPCA. A maior pressão foi do cigarro, que aumentou 4,80%, tendo em vista reajustes ocorridos a partir de 1º de dezembro. Houve influência, também, dos serviços de excursão (0,91%), empregado doméstico (0,87%) e cabeleireiro (0,53%).
Os demais grupos com elevação de preços em dezembro foram alimentação e bebidas (0,08%), vestuário (0,32%), saúde e cuidados pessoais (0,49%), educação (0,07%) e comunicação (0,02%). Entre os itens que se destacaram estão artigos de limpeza (1,18%), plano de saúde (1,07%), mão de obra para pequenos reparos (0,87%), roupa masculina (0,72%) e roupa feminina (0,66%).