Grande SP perdeu 15 vagas de trabalho por hora no semestre, aponta Dieese

Folha de SP – 14/08/2017

Embora os índices de emprego estejam mostrando sinais de recuperação, os trabalhadores da Grande SP continuam sofrendo com o desemprego em alta. Dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostram que a região fechou, entre janeiro e junho deste ano, 15 vagas por hora, ou 364 postos por dia.

Ao todo, são 66 mil vagas de trabalho encerradas, bem menos dos que as 184 mil fechadas no mesmo período de 2016, mas ainda distante de uma recuperação. “O Brasil vem mostrando pequenos sinais de recuperação, mas está longe de ser algo para se comemorar”, diz César Andaku, economista do Dieese.

O desempregado Adilson Demizu, 47 anos, morador da Vila Ema (zona leste), foi uma das vítimas do corte de vagas neste ano. Há três meses, Demizu perdeu o emprego de 19 anos em um supermercado no centro da capital.

“Por causa da crise, houve cortes de funcionários com salários altos”, diz ele, que era gerente.

Após a demissão e com o cenário desfavorável, o desempregado planeja abrir o próprio negócio e não ter mais carteira assinada.

Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), afirma que o que está havendo é uma mudança de desempregados para o mercado informal.

“Há mais pessoas sem carteira assinada e por conta própria, sem garantias trabalhistas previstas na lei.”

Quem também está em busca de recolocação é o engenheiro de produção Diogo Rossi, 37 anos, desempregado desde junho. “Percebi que haveria ajuste no quadro de funcionários e me preparei. Consegui planejar meus gastos para sustentar minha família por até seis meses.”

Rossi conta que passa cinco horas por dia em busca de emprego, mas, até agora, realizou apenas duas entrevistas.

Pelas previsões de Azeredo, ele ainda terá que ter muita paciência. “Vemos que há muito que caminhar para recompor o que foi perdido.”

UM ANO

Desde que começou a trabalhar como aprendiz de ajustador mecânico, aos 14 anos, Vagner Rosa, hoje com 53 anos, conta que jamais passou por momento tão delicado na vida profissional, que teve início em 1978.

Há mais de um ano, o supervisor de logística está desempregado. “Cansei de mandar currículos. Tenho cadastro em sites especializados em vagas de emprego e participo de grupos nas redes sociais, mas, até agora, não apareceu nenhuma entrevista”, lamenta ele, que mora em São Caetano do Sul (ABC).

Para Rosa, a idade e o cargo são critérios que o colocam em desvantagem. “Já passei dos 50 e minha qualificação é alta. Pessoas com meu perfil já não são atraentes para as empresas, que buscam jovens”, diz ele.

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LONGE DA RECUPERAÇÃO

> A Grande SP fechou um total de 364 vagas por dia entre janeiro e junho deste ano
> Ao todo, são 66 mil postos de trabalho encerrados
> Por hora, foram fechadas 15 vagas na região
> Há mais de 2 milhões de desempregados na Grande SP neste ano

LEVE MELHORA

> No mesmo período do ano passado, foram fechadas, ao todo, 184 mil vagas na Grande SP
> Um total de 1.010 postos diariamente
> Por hora, 42 postos de emprego deixaram de existir

CENÁRIO AINDA DIFÍCIL

> Dados do IBGE mostram que, no último trimestre terminado em junho, o Brasil registrou 13,5 milhões de desempregados

> No trimestre anterior, haviam 13,8 milhões de pessoas sem
emprego

> O ano de 2017 começou com um pico de 14 milhões de desempregados

> Somente no primeiro ano do governo Temer, 2,6 milhões de trabalhadores entraram na fila do desemprego em todo o país

POR SETOR E LOCALIDADE
Áreas e locais que concentram maior queda de vagas na região metropolitana de SP em 2017

89 mil
vagas foram extintas no comércio e reparação de veículos

11 mil
postos foram encerrados na construção

54,8%
dos desempregados, ou 1,1 milhão de pessoas, moram na capital paulista

17,4%
das pessoas sem emprego na região metropolitana vivem em Guarulhos, Mogi das Cruzes e Suzano, ou 361 mil

10,4%
vivem no ABC paulista, com 216 mil desempregados

Fontes: Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados), IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e reportagem

Folha de SP

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