Classe dominante opta pelo massacre. Mas não será o fim da história

• 12/7/2017 – quarta-feira

A classe dominante brasileira não engoliu a derrota na Constituinte, que produziu a Carta mais avançada de nossa história, bem como assegurou direitos trabalhistas importantes.

Tampouco acatou a vitória de Lula, que, mesmo à frente de um governo conciliatório, buscou resgatar parte da histórica dívida social, de séculos.

Na primeira oportunidade, a elite deu o troco, derrubou Dilma, mesmo tendo que se valer dos métodos de Eduardo Cunha, hoje presidiário. A derrubada de Dilma, também por erros e desvios do PT, era uma parte da operação. Outros ataques viriam e o alvo, nem poderia ser diferente, seriam os trabalhadores da ativa e aposentados.

O Brasil vive uma situação grave, sob todos os aspectos. Um dos problemas reais é o desequilíbrio pró-mercado, que avassala a sociedade e o Congresso.

As aprovações da lei da terceirização, da PEC 55 que congela gastos públicos por 20 anos, da reforma trabalhista e os ataques à Seguridade Social expressam essa hegemonia, que tem um caráter agressivo e selvagem.

O sindicalismo, cujo peso é insuficiente para reequilibrar a correlação de forças, foi até onde deu. Fez muito, a considerar a real correlação. Mas deixou a desejar na construção de uma unidade mais efetiva e também na forma de tratar com o Congresso Nacional.

Temos, agora, de pensar no dia seguinte. A primeira providência é, no âmbito das categorias, resistir à imposição patronal do padrão definido no PL da reforma trabalhista – deve-se fazer isso com as bases mobilizadas.

Da negociação com Temer, espere-se pouco, porque quem manda nele é o mercado. De todo modo, negociar faz parte.

A nova situação criada pela reforma – em que pese a possibilidade de questionamentos jurídicos – lança novos desafios ao sindicalismo. Não é hora de discutir eventuais vacilações. O momento pede cabeça fria, e consciência classista, para reagrupar o movimento, resistir e buscar meios de reduzir o impacto cavalar da reforma.

Ao mesmo tempo, o sindicalismo precisa discutir um projeto nacional ou se somar a forças que buscam esse caminho. Temos de ser unidos, insistentes e persistentes.

Nomes – Divulgar, e massificar, os nomes de quem votou a favor ou contra, é imperativo, até porque em 2018 haverá eleições.

Agência Sindical – SP, 11 de julho de 2017

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