O preço do etanol continua a subir e deve continuar a pressionar o valor da gasolina para o consumidor final, a despeito da redução do preço do combustível pela Petrobras, segundo o economista Paulo Picchetti, coordenador do IPC Brasil, da Fundação Getulio Vargas (FGV).
A FGV informou hoje que o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) acelerou de 0,14% para 0,24%, da segunda para a terceira quadrissemana deste mês, puxado pelo grupo transportes. Essa despesa aumentou por causa da alta do etanol (de 2,44% para 3,76%) e da gasolina (de 0,04% para 0,56%). A Petrobras reduziu o preço da gasolina em 3,2% nas refinarias desde o dia 15 de outubro. A queda, contudo, não chegou ao consumidor. Na sexta-feira, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) informou que, na média do país, o preço do combustível aumentou 0,5% na semana em que a Petrobras reduziu o preço. A expectativa da estatal era de que o repasse às bombas seria de R$ 0,05 por litro.
“Dados de ponta mostram que a variação do etanol aumentou ainda mais e está 5%”, afirma Picchetti. Na gasolina, depois do 0,56% registrado na terceira quadrissemana, os dados de ponta, mais atuais, mostram alta acima de 2%. O preço etanol hidratado (que vai direto no tanque dos carros) e do anidro (misturado à gasolina) subiu na atual safra, 2016/17, por causa da queda da produção nas usinas. No acumulado da safra, o preço médio de ambos os tipos de etanol subiu 10%, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
Além dos combustíveis, o grupo alimentação diminuiu a deflação na última quadrissemana por causa da aceleração de preços de alguns produtos in natura. “O grupo dos alimentos ajudou muito a reduzir a inflação, mas isso está sendo revertido. Até o fim do mês, a taxa deve estar positiva”. O grupo saiu de queda de 0,15% para recuo de 0,07% da segunda para a terceira quadrissemana. Dentro dele, a batata-inglesa saiu de queda de 13,39% para -3,32% e, na ponta, já sobe 15%. Tomate, que subiu 3,62% na terceira quadrissemana já aponta alta de 12%.
Os últimos resultados do IPC-S fizeram a FGV elevar a estimativa para o fechamento de outubro, de 0,10% para 0,50%. “Os alimentos foram a principal causa. É difícil prever o comportamento dos produtos in natura”, afirmou Picchetti.
A despeito disso, ele não alterou a projeção para o IPC-S no ano, de 7,1%, justamente porque os alimentos podem devolver parte da alta deste fim de outubro.