Via Tribuna do Norte
A compra da Ale Combustíveis pelo Grupo Ultra, através da rede de postos Ipiranga, que está em análise pela Conselho de Defesa Economica ( Cade ), foi questionada pela Shell ( Raízen Combustíveis ), pela Refinaria de Manguinhos e pela Federação Nacional do Comércio de Combustíveis ( Fecombustíveis ). Reflexos da transação e possível dano à concorrência no setor estão entre os riscos apontados no questionamento.
As três – Shell, Manguinhos e Fecombustíveis – foram aceitas pelo CADE como partes do processo que julga a possibilidade da compra da ALE pela IPIRANGA. Diversos questionamentos foram encaminhados ao setor para analisar os impactos da possível venda.
A compra da ALE pela IPIRANGA foi anunciada em Junho de 2016, quando as partes chegaram ao um acordo que, se aceito pelo CADE, será de R$ 2.17 bilhões. Com a aquisição, a Ipiranga passará a ter 25,8% do mercado de distribuição de combustíveis do país, agregando aproximadamente 2 mil postos de combustíveis e 260 lojas de conveniência à atual rede, que já conta com 7.241 postos e 1.919 lojas. O negócio, contudo, é questionado.
A Shell, que controla aproximadamente 19% do mercado, conseguiu a concessão para figurar no processo como parte interessada. A empresa questiona os reflexos da compra da ALE e possível dano ao setor.
A Fecombustíveis, que representa aproximadamente 40 mil postos no país, solicita que a Agência Nacional do Petróleo ( ANP) analise a venda, o que ainda não foi feito. Além disso, a entidade afirma que quatro empresas controlam aproximadamente 80% do mercado e, entre elas, estão a ALE e Ipiranga. Por isso, a negociação na opinião da Fecombustíveis, “implicará a retirada de uma grande marca nacional do mercado nacional, reduzindo, por consequência, as opções do consumidor” que buscar um posto “bandeirado”.
Outro ponto analisado pela Fecombustíveis foi a possibilidade de prejuízo aos postos “Bandeira Branca”. Segundo a entidade, a ALE responde por grande parte do fornecimento de combustíveis a esses postos, e caso, a Ipiranga mude a política de comercialização, alongado prazo para entregas ou elevando preços, haverá prejuízos a esses postos.
A situação dos Postos Bandeira Branca também é preocupação da Refinaria de Manguinhos. Fornecedora para estes postos, a refinaria afirma que, com a compra da ALE, a Ipiranga poderá controlar uma fatia ainda mais significativa da distribuição e diminuir as chances que os postos “não embandeirados” renovem seus contratos.
No Nordeste, o temor da Refinaria de Manguinhos é o fim da concorrência que atualmente existe entre a ALE, BR, Shell e Ipiranga. Com a indicação de que a BR, a principal concorrente da ALE e Ipiranga na região, deve retirar subsídios para garantir o transporte de combustíveis para a região, caberá aos distribuidores locais suprimir a nova demanda. Porém, estes empresários “tem limitado” poder econômico, não podendo arcar com os custos do transporte”, o que contribuirá ainda mais para a concentração de mercado para a empresa.
Empresas
Na justificativa da ALE e Ipiranga para a transação, as empresas alegaram que ”a operação não implicará em alteração significativa nos padrões da concorrência em qualquer segmento, seja porque há importantes rivais no mercado em que a Ipiranga e Alesat atuam, seja porque o fornecimento de combustíveis líquidos derivados do petróleo se dá unicamente pela Petrobrás ou via produtos importados, com ampla disponibilidade de oferta do mercado internacional”.
Já sobre a atuação no Nordeste, a ALE e Ipiranga explicam que há concorrência também com a Shell, não somente com a BR, além do que “as sobreposições estão geograficamente limitada a poucos estados”, dada a “elevada complementaridade geográfica” da ALE e Ipiranga,
A Tribuna do Norte tentou contato com a ALE, mas não obteve sucesso até o fechamento desta edição.
Questionamentos
O CADE ainda não tem data para definir sobre o tema. Diversos questionamentos para a análise sobre o tema foram encaminhados às partes, e também em uma pesquisa sobre a situação do mercado, ouvindo também os proprietários de postos e distribuidoras de todo o país.
Os questionamentos encaminhados visam confirma como são os negócios entre proprietários de postos e as distribuidoras, a relação e benefícios encontrados quando os estabelecimentos são embandeirados ou não, valores de compra, e até opiniões sobre a possível venda. Os questionamentos ( que pedem detalhes sobre o faturamento das empresas) tem 40 questões e, na maior parte dos casos, devem ser respondidas até novembro e repassadas ao CADE, que terá mais subsídios para analisar a venda. Via Tribuna do Norte