O ato “Ocupa Brasília” foi interrompido pela truculência das forças de segurança, que lançaram bombas de gás lacrimogênio para dispersar os trabalhadores
A ação violenta foi condenada pelo presidente da FENEPOSPETRO, Eusébio Pinto Neto, que liderou os frentistas de todos o país no protesto contra as reformas e pela saída de Temer do governo.
Mais uma vez, o presidente Michel Temer se mostrou autoritário e despreparado para governar a nação. Por não suportar a rejeição e para não ter que ouvir o clamor do povo, o governo isolou o Congresso Nacional e colocou a polícia na rua para bater violentamente nos trabalhadores. Mais de 100 mil trabalhadores de todo o país foram a Brasília, nesta quarta-feira (24) para protestar contra as reformas da Previdência e trabalhista, e acabaram recepcionados na Esplanada dos Ministérios com tiros de balas de borracha, jatos de spray de pimenta e bombas de gás lacrimogênio. Para o presidente da Federação Nacional dos Frentistas (FENEPOSPETRO), Eusébio Pinto Neto, a violência contra os trabalhadores foi desproposital e covarde. Ele condenou a truculência da polícia e a convocação de tropas federais para reforçar a segurança na capital do país.
Segundo o presidente da FENEPOSPETRO, os trabalhadores protestavam pacificamente, em marcha pela Esplanada dos Ministérios, quando se depararam com barreiras compostas por grades e o cordão de isolamento da polícia, que impediu o avanço da passeata. Eusébio Neto, disse que os frentistas, que acompanhavam a marcha em direção ao Congresso Nacional, acabaram se dispersando com o tumulto provocado pelas bombas de efeito moral. Um grupo de frentistas ficou acuado próximo ao Ministério da Fazenda. Alguns dirigentes da categoria conseguiram passar o primeiro cordão de isolamento, mas não avançaram porque o Congresso estava cercado por grades e policiais.
Eusébio Neto afirma que o país passa por um momento de grande tensão, com escândalo de corrupção envolvendo o presidente da República e boa parte do Congresso, e que por isso, é importante a mobilização dos trabalhadores para manter a democracia e a liberdade no país. Ele ressalta que as manifestações de ontem não atentaram contra a ordem e que os trabalhadores foram as vítimas e não os réus. O presidente da federação repudiou a convocação das Forças Armadas, por decreto, para reforçar a segurança em Brasília até o dia 31 de maio. “Coincidentemente teremos um grande encontro da categoria em Brasília, no dia 31 de maio e a nossa luta continua”, completou.
OCUPA BRASÍLIA
As manifestações dos frentistas em Brasília começaram nas primeiras horas do dia, com a chegada das caravanas dos estados. Mais de mil trabalhadores de postos de combustíveis e lojas de conveniência participaram do ato “ Ocupa Brasília”. Nesta quarta-feira (24), os Sindicatos dos Frentistas de todo o país, filiados a diferentes centrais sindicais, unificaram a bandeira de luta em defesa dos direitos da categoria e do conjunto dos trabalhadores. Depois de quase dez horas de protestos, o presidente da federação convocou os frentistas para retornarem a Colônia, alugada para servir de suporte para categoria. Os trabalhadores retornaram ontem à noite para suas cidades.
Os presidentes da FENEPOSPETRO, Eusébio Pinto Neto e da Federação dos Frentistas do estado do São Paulo (FEPOSPETRO), Luiz Arraes, lideraram a marcha da categoria. Antes de sair em passeata, Eusébio Neto, conclamou a união dos trabalhadores para lutar contra o inimigo em comum que é o governo. “Não há diferenças, todos têm voz, o Brasil está unido contra a repressão e a retirada de direitos. Nós somos o Brasil. Ninguém é dono de nada”.
O presidente do Sindicato dos Frentistas de Maringá, no Paraná, Odair José, disse que as centrais sindicais e todas as categorias se uniram com o objetivo de defender os direitos dos trabalhadores. Ele afirmou que o governo Temer é imoral, por estar envolvido num mar de lama de escândalos, e, mesmo assim, ainda tenta retirar direitos conquistados com muita luta, suor e sangue pelos trabalhadores. Odair José chamou de criminosa e arrogante a proposta da reforma trabalhista que promove o retrocesso e subestima a inteligência do povo brasileiro.
Mesmo com a truculência da polícia, o protesto foi marcado pela irreverência de alguns trabalhadores, que fantasiados e empunhando cartazes pediam a saída de Temer do governo e exigiam Diretas Já. Os frentistas mostraram a força e a união da categoria e ajudaram a reescrever a história do país rasgada pela tirania, o autoritarismo e a ilegitimidade.
*Estefania de Castro, assessoria de imprensa Fenepospetro