Via Agência Sindical
Se tem alguém que conhece o trabalho do frentista brasileiro essa pessoa se chama Francisco Soares de Souza, o Chico dos Frentistas. Esse potiguar de Mossoró começou a trabalhar no setor em 1974, ano em que chegou a São Paulo. “Fui trabalhar no Posto Rio Branco, na chamada curva da morte, no bairro da Ponte Rasa”, ele conta.
Na época, os frentistas integravam a categoria do comércio dos derivados de minérios. No final dos anos 80, a categoria começou a se organizar e Chico, assim como Antonio Porcino e outros companheiros, estava lá, na linha de frente da organização.
Chico, que hoje preside o Sindicato dos Frentistas de Campinas e Região, é também um dos fundadores da Federação Estadual e da Nacional da categoria.
Nacional – Além das lutas diárias dos trabalhadores no setor, Francisco Soares de Souza é um dos destacados líderes das mobilizações nacionais. No final dos anos 90, virada pra 2000, ele foi um dos mais ativos dirigentes a combater a tentativa de se implantar bombas de autoatendimento, o chamado selfie-service.
Chico relata: “Começamos a aprovar em Câmaras Municipais leis contra aquelas bombas. Depois, nas Assembleias legislativas – no Estado de São Paulo, projeto do então deputado Jamil Murad (PCdoB). Em âmbito nacional, lei de Aldo Rebelo, também do PCdoB”. No centro da luta, a defesa dos empregos.
Por capricho do destino, mais de duas décadas depois, eis Chico de novo na linha de frente, agora contra emenda do deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) e projetos de outros parlamentares, que tentam derrubar lei conquistada no ano 2000 (no governo Fernando Henrique Cardoso).
O frentista que está hoje num posto muitas vezes nem sabe que seu emprego só existe porque, há mais de duas décadas, houve forte mobilização nacional. Os dirigentes falaram com Dona Rute Cardoso, esposa de Fernando Henrique, com Antônio Carlos Magalhães (o ACM) e com todo mundo que, de um jeito ou de outro, fosse capaz de ajudar naquela luta justa.
Esperança – A experiência adquirida então mobiliza o núcleo histórico da direção frentista e também orienta as lideranças jovens, sob a batuta da Federação Nacional (Fenepospetro) e da Estadual (Fepospetro). Chico está otimista. “Com todos os deputados que falamos, tivemos apoio à nossa causa. De direita, centro ou de esquerda, todos dizem que não apoiarão qualquer iniciativa que gere desemprego”, relata.
Chico Frentista também aponta outros problemas com o selfie-service, tais como mais filas e demora pra abastecer; cobrança de serviços como calibragem; aumento dos assaltos; maior risco de acidentes, inclusive explosões; exposição do cliente a agentes nocivos como o benzeno; entre outros. Ele ressalta que o frentista é profissional treinado para o manuseio, abastecimento e outros serviços habituais dos postos.
Empresariado – E o patronato: que posição adota? Segundo Francisco Soares de Souza, os patrões já viram que vão se prejudicar, principalmente as pequenas empresas, que são maioria dos 45 mil postos de combustíveis no Brasil. Ele explica: “A verticalização, ou seja, o controle do abastecimento pelo distribuidor, vai deixar só grandes empresas. O restante quebra”. Esse risco está explícito na MP 1.069, que tem o apoio de Kim Kataguiri.
Chico ressalva que as lideranças da categoria não querem abrir guerra contra deputado A ou B. “Não temos nada contra qualquer parlamentar. Apenas queremos defender os empregos e evitar que as pequenas empresas fechem”. Para isso, Chico, Eusébio, Arraes, Telma, Alex, Wellington, Rivaldo e outros dirigentes dialogam com todas as correntes partidárias.
Chico arremata: “Essa luta está acima de questões políticas. Desempregar mais de 500 mil seria uma barbaridade, num País onde o desemprego já bate recordes e a miséria só aumenta”.
MAIS – Fenepospetro, Fepospetro e Sindicatos da categoria.