Publicado: Quarta, 26 Abril 2017 08:38
A paralisação do dia 28 de abril promete ser uma das maiores manifestações realizadas pela classe trabalhadora no Brasil desde a década de 1980, quando a disparada da inflação no governo Sarney e o Plano Cruzado conduziram o país a uma de suas maiores greves após a redemocratização.
Mais de 30 categorias profissionais de pelo menos 20 estados brasileiros já decidiram aderir ao movimento, entre elas os servidores públicos estaduais e federais, metroviários, condutores, bancários, metalúrgicos, professores de escolas públicas e privadas, petroleiros, frentistas, funcionários dos Correios, da construção civil, do comércio e da saúde.
Nesta terça-feira(25) lideranças da igreja católica manifestaram apoio a greve geral em defesa dos direitos dos trabalhadore. O secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner,, em entrevista publicada no site da CNBB, manifestou simpatia aberta pelas reivindicações mas sem assumir o compromisso formal de apoio a greve, uma parcela crescente da hierarquia católica têm contribuído para ampliar a resistência popular contra mudanças que ameaçam direitos e conquistas históricas da população.
Depois da Igreja Católica, as Igrejas Evangélicas também assinaram um manifesto em que criticam as reformas Trabalhista e da Previdência propostas pelo governo Michel Temer e chamam a população para a greve geral do dia 28, que protesta contra a retirada dos direitos trabalhistas.
Um pronunciamento contra as reformas divulgado no final de março já havia sido assinado por 11 igrejas evangélicas, entre elas a Aliança Evangélica, a Igreja Metodista no Brasil e a Igreja Evangélica Luterana do Brasil.
O pronunciamento oficial é assinado pelos presidentes e representantes das Igrejas Evangélicas Históricas brasileiras, que criticam, entre outros pontos das reformas, a idade mínima de 65 anos para se aposentar, para homens e mulheres – o texto já recebeu alterações.
TERROR
O Palácio do Planalto está preocupado e monitora as mobilizações das diferentes categorias para a greve geral convocada por várias centrais sindicais para a próxima sexta-feira, 28. O governo estuda, inclusive, cortar o ponto dos grevistas. Ainda não há uma ideia do número de pessoas que irá às ruas nesta sexta-feira, 28, nem do tamanho das manifestações que poderão ser realizadas no Primeiro de Maio, na segunda, 1º.
Mas o governo teme que, a depender do tamanho dos protestos, haja um adiamento no calendário de discussão das reformas no Congresso. O Planalto quer evitar que a mobilização nas ruas incentive pessoas a virem para Brasília protestar contra as reformas trabalhista e da Previdência. Nesta terça, a comissão especial da Câmara aprovou por 27 votos a 10 o texto-base da mudança na CLT.
PONTO
O Planalto estuda punir os grevistas do serviço público que faltarem ao trabalho na sexta. O Ministério do Planejamento está preparando uma determinação para que todos os ministérios cortem o ponto dos funcionários que faltarem ao trabalho no dia da greve geral.
O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou nesta terça-feira que vai cortar o ponto de funcionários do município que aderirem ao movimento. No Planalto, a avaliação é que cortar o ponto de quem não trabalha é cumprir uma regra. O governo federal deve alegar que, nos 13 anos de administração petista, as regras não eram respeitadas e não havia nenhum prejuízo aos grevistas que “prejudicavam barbaramente” a população.
MONITORAMENTO
As redes sociais estão sendo monitoradas, mas as adesões anunciadas podem não refletir a realidade nos dias de protesto. Somente as horas que antecedem os movimentos poderão dar uma dimensão da mobilização nas ruas.
O Planalto quer esperar as mobilizações para decidir se mantém a votação da reforma da Previdência na segunda semana de maio. Tribuna da Imprensa/ Estado de São Paulo/Brasil 247