Pesquisa aponta que 77% têm dificuldade em conseguir uma vaga por serem inexperientes
PUBLICADO EM 05/02/18 – 03h00
O Tempo – 05/02/2018
Concluir um curso profissionalizante ou uma graduação não basta na hora de conseguir emprego. Além dos cursos, o mercado exige experiência, cuja falta é apontada por 77% dos jovens como a maior dificuldade na hora de conseguir uma vaga de emprego formal, segundo o levantamento Acreditamos nos Jovens, feito pela empresa argentina de pesquisa em tendências Trendsity, encomendado pelo McDonald’s.
A maquiadora Ana Priscila Fernandes, 24, formada em administração de empresas, concorda. E acrescenta que há poucas oportunidades para os jovens, situação citada por 69% dos entrevistados. Ela chegou a fazer estágio, procurou emprego e acabou exercendo outra profissão.
A supervisora de carreiras do Ibmec–MG Cymara Bastos observa que o desafio de superar a falta de experiência não é exclusivo da atual geração. “Não é de hoje que a maioria das empresas exige dos jovens experiência. Há casos em que isso é exigido do estagiário, que ingressa numa organização com o objetivo de aprender e, logo, ganhar experiência”, diz.
O pesquisador da Fundação João Pinheiro (FJP) Glauber Silveira frisa que o desemprego entre jovens de 18 a 24 anos é historicamente maior na comparação com a taxa média. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o desemprego nessa faixa etária no Estado ficou em 25,3% no segundo trimestre de 2017, enquanto a média chegou a 12,2%.
A recomendação dos especialistas para o jovem é buscar alternativas, caso ele não consiga uma oportunidade como menor aprendiz ou um estágio. Entre elas, está o trabalho voluntário. “É importante persistir e também investir em cursos”, diz Silveira.
O assistente administrativo da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) Marcone Costa Souza, hoje com 21 anos, superou a falta de experiência ao passar pela Fundação CDL, que mantém o Programa Educação e Trabalho (PET), que encaminha jovens ao mercado como aprendizes. “Falo com amigos, que têm hoje a idade que eu tinha quando participei do programa, que era 16 anos, para procurarem a fundação. Eu recomendo mesmo”, diz ele.
Recém-formado no curso de gestão pública e com planos de fazer especialização em gestão de políticas públicas, Souza conta que a vida seria diferente se ele não tivesse participado do programa. “Foi uma porta de entrada para o mercado. Eu sai mais preparado”, ressalta Souza, que ficou sabendo da oportunidade oferecida pela entidade através da internet.
Entidades auxiliam candidatos
Superar a falta de experiência profissional pode acontecer também através do trabalho desenvolvido por entidades, segundo o presidente da Fundação CDL, Vilson Mayrink. “Muitos jovens que passam pela fundação acabam sendo contratados”, diz dele.
O Programa Educação e Trabalho (PET), desenvolvido pela entidade e focado nas necessidades dos empresários do varejo, é gratuito, conforme Mayrink. Porém, é preciso passar por um processo seletivo.
Podem participar do programa adolescentes e jovens de 15 a 20 anos. Os interessados devem entrar em contato com a fundação pelo telefone 3222-1656. (JG)
Características pessoais pesam
Fora o conhecimento, as chances do jovem aumentam quando ele possui características comportamentais apreciadas pela empresa na qual ele pretende ingressar. Entre elas, ser proativo e demonstrar vontade de aprender. “Se você não tem experiência, tem que saber valorizar o que tem de melhor”, observa a supervisora de carreiras do Ibmec–MG, Cymara Bastos.
Sócio da PwC Brasil Fábio Abreu afirma que a falta de experiência pode ser vencida através de programas oferecidos por entidades, como o Serviço Social da Indústria (Sesi) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), além de diversas empresas.
A PwC Brasil, que atua na área de prestação de serviços em auditoria, consultoria tributária e societária, consultoria de negócios e assessoria em transações, conta com um programa de trainees em nível nacional. “Os interessados podem se inscrever no site”, diz Abreu.
Para ele, além de ter conhecimento na área de atuação da empresa, atributos de personalidade são importantes para os jovens que desejam fazer parte da equipe da PwC Brasil. “Levamos em consideração se a pessoa tem identificação com os nossos valores, se sabe respeitar as diferenças, se comunicar bem e que goste de apreender”, observa.
Outro sócio da PwC Brasil, Guilherme Campos ressalta que a tecnologia pode ajudar na formação do jovem para o mercado de trabalho com preço acessível, ou até mesmo de graça. “Há pessoas que aprendem inglês sem sair do país, com cursos pela internet”, observa.
Para ele, a qualificação é importante para quem deseja ocupar uma vaga no mercado de trabalho. “É importante estudar sempre e falar idiomas, já que vivemos num mundo globalizado”, diz.