Governo afrouxa a corda dos banqueiros e enforca o trabalhador. Sem aumento real no salário mínimo em 2018, governo empurra milhões de brasileiros para a pobreza e a miséria.
É impressionante a capacidade que este governo tem para produzir maldades em série contra o povo, em especial, contra o pobre, que é desprezado pela elite e tratado como um estorvo. Na semana passada, o Ministro do planejamento, Dyogo Oliveira, representando o ministro da Fazenda – que age claramente a serviço dos banqueiros – anunciou que o salário mínimo para o ano que vem sofrerá uma redução de R$10 e ao invés dos R$979,00 previstos, o valor será de R$969,00.
Na defesa para a cretina redução, os mandrakes da economia usaram a muleta da revisão das metas inflacionárias durante a elaboração do orçamento para 2018. Como a projeção da inflação será menor, o valor do mínimo também diminuirá. Com o corte de R$10 no bolso do trabalhador, o governo espera economizar R$ 3 bilhões no ano que vem.
A valorização do salário mínimo teve início no governo Fernando Henrique, que não tinha uma política salarial, mas também não havia inflação; e ganhou força e expressão no governo Lula. Entre 2002 e 2016, o salário-mínimo registrou ganho real, descontada a inflação, de 77% ao passar de R$ 200,00 para R$ 880, em aumento que conferiu dignidade ao trabalhador. Essa valorização se deve a união da classe operária – através das Centrais Sindicais – que focaram nas bandeiras dos trabalhadores e lutaram para reduzir a desigualdade no país. Nos últimos 14 anos, o piso nacional teve um aumento real por conta da luta do Movimento Sindical. Esse reajuste retirou milhões de pessoas da linha da pobreza e gerou uma melhoria na qualidade de vida do trabalhador, que conseguiu elevar, significativamente, o seu poder de compra.
Ao contrário da reforma da Previdência, que ainda precisa ser aprovada no Congresso, e da PEC 55, que limita drasticamente os gastos públicos por duas décadas e coloca em xeque os investimentos em educação e saúde no país, o reajuste do salário mínimo sem ganho real é o primeiro impacto direto das ações de ajuste estabelecidas pelo governo.
Para a elite brasileira, conservadora, mesquinha e autoritária e detentora do título de maior concentradora de renda do mundo, o pobre nasceu para lhe servir como capacho e sofrer calado as agruras da vida, provocadas por um modelo econômico perverso e flagrantemente criminoso. Para chegarmos a esta conclusão tomamos por base a diferença no tratamento dispensado por este governo aos ricos e aos pobres.
Enquanto reduz o valor do salário mínimo para tapar uma parte do rombo fiscal e economizar bilhões que seriam destinados ao estrato mais pobre da população, o governo perdoa a dívida de banqueiros, que financiaria por mais quase oito anos a diferença do salário mínimo que rouba do trabalhador.
E foi o que aconteceu com o COAF, Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do governo, que numa canetada só liberou o Itaú – Unibanco, maior banco privado do país e que teve um lucro líquido de mais de 6 bilhões de Reais, apenas no primeiro trimestre deste ano, a não pagar uma dívida de 25 bilhões de reais cobrados pela Receita Federal no processo de fusão do Itaú com o Unibanco.
Segundo o Coaf a transação estaria livre do pagamento de impostos, permitindo que o Itaú – Unibanco engordasse o seu cofre em 25 bilhões de reais, e, mais ainda, com a porta escancarada, a farra da renúncia fiscal foi aproveitada pelo banco Santander que também deixou de pagar 338 milhões em impostos. Ou seja, contra a elite econômica e financeira, o governo se mostra fraco, benevolente e caridoso e afrouxa a corda para quem lucra muito e por isso mesmo, pode, perfeitamente, pagar seus impostos; ao passo que com os pobres, o governo é duro e implacável nas suas decisões e não hesita em cortar direitos e em apertar, ainda mais, a corda no pescoço do povo que está pagando a conta pelos desacertos e pelo entreguismo desta equipe econômica, que desmonta o estado e arrasa com a vida de milhões de brasileiros.
*Eusébio Pinto Neto, presidente da Fenepospetro