Para Eusébio Neto, a matança ocorrida nos últimos dias nos presídios mostra a fragilidade administrativa e o abandono da população carcerária.
A onda de assassinatos, iniciada em 1º de janeiro, que já fez mais de 100 mortos nos presídios do país, assusta pelo teor da barbárie, pelo abandono e pela falta de políticas públicas voltadas à área da segurança. Assim como os encarcerados, a população brasileira hoje sofre com os desleixos administrativos e os altos impostos pagos para sobreviver. Para o presidente da Federação Nacional dos Frentistas (FENEPOSPETRO), Eusébio Pinto Neto, o Brasil vive um momento crítico, de retrocesso e ausência total do poder público.
Segundo ele, as chacinas comandadas por bárbaros nas penitenciárias do Amazonas e Roraima não podem ser vistas com descaso, já que mostram um quadro caótico e de retrocesso no país. Eusébio Neto teme que a falta de propostas para conter o caos no sistema penitenciário leve a novos conflitos. As medidas anunciadas até o momento são tímidas e não vão resolver de imediato o problema do deficit de vagas nos presídios de todo o país. No Amazonas, um detento custa para o Estado mais de R$ 4 mil por mês, no entanto, a realidade e o abandono da população carcerária desmistificam esse investimento.
Para Eusébio Neto, é impossível pensar em reivindicação de direitos, se o Estado não garante o direito básico à vida. “Precisamos refletir sobre a gravidade desses atos, pois hoje são os detentos que pagam com a vida, amanhã serão os estudantes, os trabalhadores e a sociedade em geral. Todos somos vítimas da falta de coesão do governo que chega a considerar o massacre um acidente ”, completa.
Eusébio Neto afirma que sociedade precisa se indignar com esses massacres, para que a esperança de novos dias se concretize. Ele diz que com a retomada do ano legislativo, em fevereiro, os sindicatos, os trabalhadores e a sociedade em geral iniciarão uma árdua batalha para derrubar, no Congresso Nacional, as propostas que preveem retirada de direitos trabalhistas. “Esse é um momento delicado e precisamos de união para vencer as adversidades”.
O presidente da Federação Nacional dos Frentistas lembra ainda da reforma da previdência que vai atingir principalmente a classe operária – os empregados que entram muito cedo no mercado de trabalho e contribuem por muitos anos para a previdência. Segundo Eusébio, da forma como foi elaborada a PEC da Previdência, o brasileiro vai trabalhar até morrer, assim o povo também estará condenado como os internos do sistema carcerário. Estefania de Castro, assessoria de imprensa Sinpospetro-RJ